Atualmente as recomendações são para que mal o bebé nasça seja colocado no peito da mãe em pele com pele, que haja continuidade desta prática no internamento e nos primeiros meses de vida do bebé.
O peito da mãe é o habitat natural do bebé! Ele esteve 9 meses dentro da barriga da mãe, por isso, quando nasce, o único local que ele conhece é o corpo da mãe.
Imagina que aterras num planeta longíquo, estás assustado, não sabes bem o que esperar e onde só conheces uma pessoa. Agora imagina que essa pessoa te fazia uma recepção calorosa, acompanhava-te até te sentires bem, apresentava-te outras pessoas e locais, fazia-te realmente companhia ou simplesmente dizia-te bem-vindo e desaparecia. Como te sentirias melhor? Que sensações irias ter num e noutro cenário? Que hormonas o teu corpo iria libertar? Que respostas o teu corpo iria dar a um novo ambiente no futuro?
Existem muitas razões para se fazer pele com pele mas a principal é porque é lá que o bebé pertence! É importante entender que a mãe e o bebé são uma entidade biológica e psicológica única e que para o bebé intergrar todas as emoções e sentimentos é com amor e contacto que eles serão intergrados da melhor forma.
O conceito do pele com pele (Método kanguru) surgiu em 1970 e começou a ser realizado numa maternidade em Bogotá, Colômbia, quando não havia incubadoras suficientes para os bebés prematuros.
Puseram-nos no peito das mães e começaram a perceber que os bebés ficavam mais estáveis quando em contacto pele com pele do que nas incubadoras, que ganhavam mais peso e a taxa de mortalidade diminuiu.
Num estudo feito com prematuros no Brasil, as unidades de neonatologia que promoveram o método kanguro obtiveram taxas de aleitamento materno exclusivo na data da alta de 69,2% em comparação com 23,8% nas unidades que não promoveram o método.
Em 2021, um estudo randomizado realizado com bebés de muito baixo peso (1kg-1,799Kg) dividiram os bebés em 2 grupos. Metade ia para a incubadora mal nascia, que é a prática mais comum atualmente, e a outra metade ficava em contacto pele com pele com a mãe logo após o nascimento e continuavam assim quase ininterruptamente.
Resultado:
Pararam o estudo a meio pois morreram pelo menos mais 25% de bebés com a prática que é realizada actualmente (na incubadora) do que os que ficaram em pele com pele com a mãe. Para além disso, os bebés que fizeram pele com pele tiveram menos casos de hipotermia e suspeita de sépsis (infecção generalizada).
Este é mais um importante estudo que conclui que o contacto pele com pele é fundamental nos bebés. E nos prematuros pode ser a diferença entre a vida e a morte.
Mesmo para bebés de termo, saudáveis, muito contacto pele com pele previne grande parte dos problemas que possam surgir na amamentação, mas não é para ser feito só nos primeiros dias, ou na primeira hora de vida, que é o mais falado, é nos primeiros meses que deve ser feito sempre que possível.
Logo após o nascimento e nos primeiros dias de vida é importantíssimo tanto para a mãe como para o bebé que este seja colocado em contacto pele com pele.
Para que todo o cocktail hormonal flua é importante que este pele com pele seja feito com sentimento, com intenção e não como uma obrigação, para que se consiga ativar o lado direito do cérebro, o lado mais emocional de forma a que toda a cascata hormonal se desencadeie.
Esta cascata emocional também é ativada no pai, quando é ele a fazer o pele com pele, e por isso, é importante que este pele com pele seja também feito com o pai ou o outro cuidador principal para se promover o vínculo.
Mesmo para bebés de termo, saudáveis, muito contacto pele com pele previne grande parte dos problemas que possam surgir na amamentação, mas não é para ser feito só nos primeiros dias, ou na primeira hora de vida, que é o mais falado, é nos primeiros meses que deve ser feito sempre que possível.